Homilia 4º Domingo da Quaresma – ANO A

Evangelho: Joao 9,1-38. A cura do cego de nascença

 

“Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença”. (Cf. Jo 9,1). Nos Evangelhos, todas as limitações humanas têm um sentido, e qualidades, que transcende o horizonte não era apenas físico, no caso desse cego de nascença, o seu problema não era apenas e tão somente oftalmológico, cegueira física.

 

Naquele ambiente cultural, um cego era alguém que não sabe o norte, o sul, eram chamada também de uma pessoa imersa nas trevas, na escuridão, e de nascença, até os discípulos pergunta no texto: “Mestre, quem pecou para que nascesse cego: eles ou o seus pais” (Cf. Jo 9, 2)? Era assim que se interpretavam na época, alguém deveria pagar alguma conta moral.

 

“Jesus cuspiu no chão, fez lama com a saliva, e colocou-a sobre os olhos do cego” (Cf. Jo 9, 6).  Naquele tempo pensava que na saliva havia também o espírito da pessoa, saliva tem vitalidade biológica, para eles a terra não. Assim Jesus conferiu vida ao que não era portador de vida, e passou nos olhos para que aqueles olhos cegados, se tornassem realmente portadores da luz, assim se pensava naquele tempo, identificadores, quem vê confere rumo, direção, traços esperanças, objetivos, sabe onde quer chegar.

 

Jesus falou:  “Vai lavar-te na piscina de Siloé. O cego foi, lavou-se e voltou enxergando”(Cf. Jo 9, 7). Foi lavou-se – lavar, purificar é associado com o batismo. Atitudes de fé, se a saliva é portadora do Espírito da pessoa, aqui é portador do Espírito de Jesus. Jesus falou:  vai lavar-te, e ele ouviu a palavra, foi lavou-se. Algo transformou, essa nova realidade é sinal da inteireza da transformação pela qual passou aquele cego.

 

“Jesus soube dizer que o haviam expulsado” (Cf. 9,35). Testemunhado, ele testemunhou, e encontrou a rejeição, a perseguição, como acontecia a outros cristãos, por causa de Jesus, uns aderiam outros duvidava. Todo o evangelho de Jesus Cristo, segundo João, do início ao final tem essa dúplice confrontação; Uns se convencia, outros enrijecia na própria percepção. E hoje, não é muito diferente.

 

Jesus o encontrou: “Encontrando-o perguntou-lhe: Acredita no Filho do Homem? Respondeu ele: Quem é Senhor, para que eu creia nele”? (Cf. Jo 1, 35,36). A palavra crer –não é simplesmente um convencimento psicológico, mas é uma adesão a uma pessoa.  

 

A resposta de Jesus: “Tu o estás vendo;  é aquele que está falando contigo. Exclamou ele: Eu Creio Senhor. E prostou-se diante de Jesus.  (Cf. Jo 9, 37-38). É muito mais que um profeta, é Senhor. Para reconhecer como profeta bastaria aceitar o milagre o prodígio a realização, o admirável, agora Senhor. Crer é envolver a inteireza da vida, no ato de crer, e seguir a pessoa de Jesus, e isso vai empenhar o despojamento de tudo aquilo que distancia dele, do Senhor, outros senhorios – Ídolos, vícios, ambição, orgulho, cederão lugar a este.

 

Eu creio Senhor, é isso que o tempo quaresmal estar a nos pedir; sermos capazes de reconhecer a presença do Senhor, despojarmos daquilo que nos distancia dele, e retomar o caminho do seguimento.

 

Pe. Vandilson Pereira Sobrinho.

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