“Naquele mesmo dia o primeiro da semana”. (Cf. Lc 24, 13). Qual o dia? Maria Madalena encontrara o sepulcro vazio, na versão de Lucas. Mas no mesmo dia, “dois deles iam para Emaús. Vamos embora de Jerusalém, esperávamos que Jesus redimisse Israel, que o Messias se apresentasse com todas as forças reinantes, mas nada disso aconteceu.
Jesus era humilde, amava até pecadores, amava estrangeiros, oferecia a salvação até aqueles que eram maus e mundanos, como Zaqueu, não era um Jesus triunfalista, eis a desilusão, morreu na cruz, eis a decepção. “O próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles”. (Cf. Lc 24, 15). Jesus se pôs a caminhar – o próprio Jesus se pôs a caminhar com eles, essa é uma das mais belas frases do Novo Testamento.
Querem fugir de Jerusalém, querem abandonar o seguimento, querem se afastar de tudo aquilo que foi uma imensa desilusão, e Jesus se apresenta a eles, respeitando a sua dor. Não conseguem perceber, mas ele caminha com eles. Nas tentações de em tudo abandonar e em tudo desconfiar. Até naquelas horas, o Senhor se põe ao lado com respeito a sua dor, mas quer reconduzi-los a Jerusalém, no final eles voltaram a Jerusalém, na mesma noite. Noite – escuridão, trevas, imagem do fracasso, da derrota, e da maldade. Até a noite se tornou iluminada. “Mesmo as trevas para vós não são escuras, † a própria noite resplandece como o dia” (Cf. Salmo 138).
“É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto, elas foram de madrugada ao tumulo, e não encontraram o corpo dele, então voltaram dizendo que tinha visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo”. Cf. Lc 24,22).
Duvidar era mais logico do que esperar e crer. É. Um deles era Cléofas e o outro onde é que estar? Domingo passado Tomé era gêmeo. Gêmeo de quem? De cada um de nós! E esse outro hoje? Quem é? Alguém como eu, como você, que as vezes somos tentados, Somos tentados a chutar o balde, desanimar, abandonar entregar ao desanimo, não sei se vale apena, também estes. Será que crer vai nos oferecer alguma vantagem ou resultado? Facilmente somos levados a este tipo de raciocínio.
Mas estes foram alcançados pelo Senhor. “Começando por Moisés, e os profetas, explicava todas as escrituras. (Cf. Lc 24, 27). Sabe meus irmãos. Com facilidade concluímos nossos raciocínios e tomamos nossas decisões sem ouvir a voz do Senhor e sem achegarmos a sua Palavra, por isso a decisão de abandonar Jerusalém.
O Senhor caminhou ao lado deles para se lhes apresentar Com a palavra. É a leitura orante que nos mantém próximo ao próprio Deus. Jesus não pretende poupar ninguém da cruz, pois nem ele se poupou dela. Mas gosta de sofrer então? Não, mas prefere evitar qualquer palavra de força ou de violência, e é capaz até de silenciar para não se confrontar, inclusive com os que o assassinam, ofereceu o seu perdão até naquela hora.
E o Senhor estar a pedir a todos os discípulos de ontem e de hoje, todos os companheiros de Cleofas, cada um de nós: Deixemo-nos nos ensinar por uma perspectiva misericordiosa, que nos desarma de qualquer arma de confronto, para olhar com compaixão, até mesmos aqueles que querem nos distanciar de Jerusalém.
Um disse ao outro: não ardia o nosso coração. (Cf. Lc 24, 32). As escrituras pronunciadas por Ele, era comunicada com a Força e o Espírito de Deus. quem se deixa alcançar pela Palavra, também será alcançado pelo Poder do Espírito, do Espírito que inspirou essa Palavra, e torna-se inclusive, capaz de vislumbrar sentido, até no que se afiguraria o mais humilhante dos fracassos.
Podemos observar aqui: Naquela mesma hora, de noite, escuridão, voltaram para Jerusalém, significa, voltaram ao lugar da cruz, para dizer aos que estavam lá. Realmente o Senhor Ressuscitou, caminha conosco, está no meio de nós! Que a nossa alegria traduza um encontro havido com o ressuscitado e com a palavra acolhida.
Pe. Vandilson Pereira Sobrinho.
