Saiba como viver e aproveitar bem a Semana Santa

A Semana Santa é vivida por muitos em encenações piedosas que comovem os corações e fazer chorar. Porém, mesmo que isto seja bom, devemos estar muito atentos para não cair numa pura exterioridade e acabar não tendo uma real experiência com este tempo na liturgia da Igreja. Por isso, com o a auxílio de alguns santos iremos falar a você como viver a bem a Semana Santa.

 

É uma semana de profunda meditação no mistério da paixão e da morte de Jesus, que pela fé desemboca na grande aleluia da ressurreição. É tempo de silêncio para entrar dentro de nós mesmos e verificar até que ponto somos inocentes pela morte de Jesus e de tantos dos nossos irmãos e irmãs que todos os dias sofrem uma paixão por causa da maldade humana.

 

Santa Teresa de Ávila, com muito acerto, dizia: “parece que há tantos cristãos que querem de novo crucificar o bom Jesus com os seus pecados!” É uma realidade diante da qual nos deparamos constantemente. A Semana Santa inicia com a grande e triunfante entrada de Jesus aclamado como rei em Jerusalém, sua casa, sua morada, porque Ele é o centro do Templo, Ele é a pedra angular, rejeitada pelos construtores, mas que é escolhida por Deus.

 

Adentrando a Semana Santa

 

Sabemos, lendo os Evangelhos com amor e atenção, que os mesmos que o aclamam rei, agitados pelo ódio dos chefes, não hesitam em pedir sua morte. São os mistérios da vida que nunca chegaremos a compreender. O povo manipulado aclama para a glória e pede a morte de Jesus. Não devemos maravilhar-nos disto, mas ter cuidado conosco para não nos deixar manipular pelas aparências de bem e sermos fiéis à nossa vocação, tendo como modelo Jesus, o fiel totalmente e até às últimas consequências ao projeto do Pai.

 

Entramos na Semana Santa e a Igreja nos convida à penitência, à conversão e ao jejum. São os três caminhos que nos foram apontados no início da Quaresma. É tempo para ver como temos caminhado e ver como intensificar nesta semana a nossa corrida para a Páscoa do Senhor. Não é possível ressuscitar sem passar pela morte.

 

Domingo de Ramos

 

É importante acompanhar durante este Domingo de Ramos, não só a procissão, e não só para hoje, uma meditação rápida da Paixão do Senhor. Mas devemos voltar a reler pessoalmente a Paixão segundo o Evangelho de Lucas. Eu queria destacar deste grande relato muitas coisas para minha meditação e para as dos meus leitores, mas quero só convidar a todos a fixar por alguns minutos um crucifixo, nele fixar os nossos olhos em Jesus, que assume toda a cruz não como castigo, mas como gesto de amor ao Pai e a cada um de nós. Ele é consciente de que não pode realizar a salvação da humanidade sem a sua morte.

Toda a vida de Jesus é exemplo de amor, serviço e oferta de si mesmo para a glória do Pai e o bem de cada pessoa humana. Somos chamados a participar também através do sacrifício ao mistério da cruz. Quantos irmãos nossos no dia a dia sofrem não aceitando o sofrimento e a cruz. Da cruz nasce a verdadeira alegria, que é a paz interior. Visitemos hoje algum doente abandonado, sozinho, levando para ele o conforto da palavra, da oração e alguma ajuda material.  Abaixo, uma orientação para cada dia desta Semana Santa.

 

Segunda-feira Santa

 

Um passo à frente para a Páscoa. Neste dia contemplemos o servo sofredor de Javé, que é Jesus, e deixemos que o nosso coração seja tocado pelo sofrimento dos mais abandonados e dos que sofrem injustamente por serem cristãos em tantos países do mundo aonde ainda é proibido ser seguidor de Jesus.

Fala-se sobre liberdade de consciência e de religião, mas no ato prático se impede e se violenta a liberdade de consciência. O Papa Francisco tem falado muitas vezes das surdas perseguições contra os cristãos. Isso não acontece só em países distantes de nós, mas às vezes no nosso país e na nossa família. Estejamos perto dos que sofrem pressões que tentam impedi-los de seguir Jesus sofredor e pressões para negar a própria fé. Você conhece alguma dessas pessoas? Esteja perto dela.

 

Terça-feira Santa

 

Hoje é a terça-feira da Semana Santa. Dediquemos um pouco mais de tempo à oração lendo alguns textos do Evangelho que têm falado forte ao nosso coração. E rezando por todos os que sofrem injustiça no próprio trabalho por causa da honestidade. Há tantas pessoas boas que se revoltam diante do mal institucionalizado, mas que nem sempre têm força para serem fiéis ao Evangelho. É na oração que se encontra a força. Se você tiver tempo, pense numa estação da Via-sacra e reze em comunhão com todos os injustiçados do mundo.

 

Quarta-feira Santa

 

Neste dia, visitaremos um doente ou um pobre como amigos, os que estão debaixo da cruz, da doença ou da pobreza. Sejamos bons cristãos, que carregam a cruz com estas pessoas. É verdade que só os que sofrem conhecem o peso da Cruz, mas nós podemos ajudá-los com a nossa solidariedade, como fez Simão de Cirene no caso de Jesus. Tome um pouco de tempo do seu descanso para fazer esta obra boa, que é ajudar alguém que sofre para que o sofrimento não seja inutilizado, mas seja caminho para uma comunhão mais profunda com Cristo Jesus, nosso Redentor.

Quinta-feira Santa

 

É o grande dia que abre o que se chama de Tríduo Pascal. Pela manhã, temos na Catedral a benção dos santos óleos  que serão usados para comunicar a força a todos os que sofrem ou estão enfermos, para confirmar na fé os que se tornam adultos como cristãos e os que são batizados e começam a fazer parte da grande família de Cristo.

 

À tarde, temos a celebração da nossa Ceia Pascal. É o coração de toda a nossa fé, onde Jesus nos manifesta o amor através do seu gesto, o lava-pés. Ele se levanta e, sem dar explicações, lava os pés dos discípulos, como sinal de fraternidade, de serviço e de amor misericordioso. Se vocês lavarem os pés uns dos outros serão felizes. O segundo gesto é o perdão, que ele oferece a todos, e também para o irmão judas. Como é belo o perdão de Jesus, que é todo misericórdia. Não se pode viver sem o perdão dado e recebido.

 

O terceiro sinal é a Eucaristia; Ele nos dá o seu corpo e sangue, já prometidos durante a sua vida pública. Leia de novo o capítulo 6 do Evangelho de João. A  Eucaristia é plenitude de amor e dom, é participação na vida divina. Que possamos rever hoje a nossa vida espiritual, contemplando este grande mistério do amor.

 

 

Sexta-feira Santa

 

É dia penitencial sim, mas é muito mais; é o dia da esperança, quando nós contemplamos a plenitude da realização da missão de Jesus, o cumprimento do Seu sacrifício na cruz, o lugar onde ele celebra a Sua Eucaristia viva, e para onde sempre nós devemos voltar para compreender o mistério do amor e o mistério do mal. Este é o dia em que a Igreja faz silêncio e não celebra a Eucaristia, mas contempla vivo o Cristo crucificado, de onde vem a nossa salvação.

 

É o momento de nos ajoelharmos diante da cruz e ficarmos em silêncio. Mas também refletir e pedir perdão pelas vezes que crucificamos os nossos irmãos, ou fomos responsáveis pelas injustiças da humanidade, da Igreja e da comunidade. É silencio. É adoração e amor. Para o dia de hoje, é bom fazer uma boa confissão e passar tempos em silêncio diante de Deus.

 

Sábado Santo

 

O Sábado Santo é o dia do grande silêncio, no qual, na medida do possível, devemos mortificar a nossa língua e deixar falar o coração, deixar falarem os gestos de perdão e de amor; este é o sábado do amor. E o amor não necessita de palavras, mas só de gestos. Jesus quer, com o seu silêncio no sepulcro, nos preparar para uma nova missão, a da ressurreição. Não devemos ter medo da morte. O cristão contempla a morte com os olhos da fé, da esperança e do amor: “se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.” (Jo 12,24).

 

Quis apresentar este caminho da Semana Santa para, juntos nos prepararmos para a Páscoa do Senhor. Não permitamos que as coisas da terra nos distraiam das coisas do céu. Feliz Páscoa só será se tivermos feito uma boa santa Semana Santa.

 

Fonte: Shalom

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