Teve início nesta segunda-feira, 19 de agosto de 2024 o V Encontro da Igreja na Amazônia Legal, que reúne na Maromba de Manaus, de 19 a 22 de agosto, os bispos e outros representantes das 58 igrejas locais que fazem parte da região. O encontro é animado pelo tema, “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”. O encontro é organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia da CNBB e pela Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil).
O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, participa do encontro e ontem compôs a mesa de abertura.
Dom Ricardo retomou, na abertura do encontro, a memória histórica de encontros da Igreja da Amazônia, cujo primeiro encontro inter-regional é datado de 1952. O secretário-geral da CNBB destacou que “a perseverança ensina que vale a pena continuar esse processo com todo entusiasmo”.
Ele refletiu sobre os retrocessos que acontecem cada dia na Amazônia, citando os desmatamentos e mostrando a preocupação do episcopado brasileiro com os povos originários. “Os povos originários são os que mais sofrem a gravidade das coisas que estão acontecendo em nosso país”, disse. O secretário-geral da CNBB lembrou também do tema da Campanha da Fraternidade de 2025 que vai abordar a ecologia integral, o que é, segundo afirmou, “uma oportunidade para sensibilizar a todo o Brasil”.
Comunhão e fidelidade à missão na Amazônia
O anfitrião do encontro, arcebispo de Manaus (AM) e presidente do regional Norte 1 da CNBB, cardeal Leonardo Steiner, ressaltou a importância do encontro dos bispos da região para criar comunhão, rever a caminhar, pensar juntos a evangelização e permanecer fieis ao espírito missionário da Igreja na Amazônia. O cardeal definiu a caminhada da Igreja na Amazônia como uma caminhada missionária, sinodal e com horizontes bonitos e significativos. Segundo ele, isso se concretiza em “sermos cada vez mais uma Igreja mais inserida”, lembrando a encarnação proposta em Santarém (PA).
O cardeal Steiner destacou o incentivo do Papa Francisco para que os bispos da região levem em consideração toda a realidade, o que segundo ele é uma perspectiva que “nos anima, mas é uma perspectiva exigente, porque não podemos deixar ninguém para trás. Queremos caminhar todos juntos, mas levando em consideração as realidades que estamos a viver”.
Fruto do processo sinodal
O presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama) e arcebispo emérito de Huancayo (Peru), cardeal Pedro Barreto, lembrou que o encontro é fruto do processo sinodal vivido “nesta região tão querida”. Ele destacou a larga história da Igreja na Amazônia, ressaltando a necessidade de “sermos conscientes que recolhemos uma sagrada herança dos nossos antecessores que trabalharam na Amazônia”. O cardeal Barreto agradeceu “todo o esforço que estão fazendo para caminhar em comunhão, participando todos na única missão de Cristo”.
A Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), que está completando 10 anos, o fato de estar presente no território a leva a mostrar suas alegrias e preocupações, segundo sua vice-presidente, a irmã Carmelita Conceição. A religiosa citou a realidade da seca, que desafia a “dar um sinal de vida e esperança na Amazônia”, vendo o encontro como uma ajuda para “vermos o que fazer e como nos posicionar diante de tantos desafios”.
O bispo de Roraima e presidente da Repam-Brasil, dom Evaristo Spengler, falou sobre o trabalho da rede: “Um serviço eclesial, articulado com muitos movimentos e muitas organizações da sociedade civil, em busca de preservar os direitos dos nossos povos, dos nossos territórios e da nossa Amazônia como um todo”. Segundo ele, “as ações apoiam e visibilizam as iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais, a partir de uma espiritualidade encarnada, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica para construir o bem viver”, algo feito com fé e esperança.
O arcebispo de São Luis (MA) e presidente da Comissão Especial Episcopal para a Amazônia, dom Gilberto Pastana, lembrou os membros da comissão desde sua criação em 2003, que hoje é formada pelos presidentes dos regionais da Amazônia Legal. Ele celebrou o encontro com um espaço de “muita convivência, partilha da vida e da missão, e comprometimento com a causa do Reino”, para dar continuidade às conclusões assumidas no IV Encontro, realizado em Santarém em 2022. Lembrando o tema e o lema, ressaltou a importância do processo de escuta feito em preparação ao encontro, em busca de “construir novos caminhos para a Igreja na Amazônia, para a ecologia e para o território”.