Evangelho: Mateus 4, 1-11 – As Tentações de Jesus no deserto
“Jesus foi levado pelo Espírito ao Deserto”. (Cf. Mt 4, 1). Nos versículos anteriores vemos o Batismo de Jesus, e o Espírito diz: Tu és o meu Filho.
Deserto – Não significa no sentido geográfico, areia, pedregulho, lugar desolador, não significa isso, – mas o autor quer descrever a experiência existencial de Jesus do Filho de Deus, mas também muito humano, que deparado com as insuficiências humanas, viu se tentado.
E o diabo aqui nas tentações representa: aquele anseio secreto que a interioridade humana busca, sobre as formas convenientes de vida.
Diabo – grego diabalo – alguém que se interpõe, que se põe ao meio, cria divisões, por isso que se fala que; onde atua o diabo, também atua a divisão. Diabo e divisão – vem da mesma raiz. As tentações humanas lançam divisões nas relações com Deus.
Quarenta dias – Não é que Jesus ficou quarenta dias sem se alimentar, trinta e oito, trinta e nove, quarenta, quarenta é o tempo, no sentido teológico, simbólico, o tempo par alguém passar por um processo de mudanças, Jesus não era pecador, mas em tudo vestiu-se dos dramas dos pecadores.
Primeira tentação – a do TER: que veio de dentro, não é que o diabo veio de fora a provocar. “Se és Filho de Deus, manda que essas pedras se transformem em pães”. (Cf Mt 1, 3). Uma espécie de saciedade material, como se bastasse para a pessoa humana, ter todas as disposições de uma materialidade superabundante. Deus não é nosso Pai para fazer-nos de nós, pessoas que vivam para as suas próprias autossuficiências.
Daí a resposta de Jesus: “Estar escrito – Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus”. (Cf. Mt 4, 4). Não é apenas uma verdade abstrata, estar escrito é: há uma Palavra, a de Deus. entre tantas palavras ou tantas possibilidades de sentido, o que dar sentido a vida é o próprio Senhor Deus, e a sua Palavra, as outras saciedades, saciam materialmente os anseios de materialidades, trazemos no coração isso.
É, Quando tudo vai bem até nos esquecemos de Deus, ou lembramos pouco dele, são aquelas saciedades que parece nos bastar. Foi essa a tentação do Senhor.
Outra vez: Segunda tentação = a do SER: “Se és Filho de Deus, atira-te para baixo porque estar escrito: Deus dará ordem aos seus anjos” (Cf. Mt 4, 6). Na tradição do Antigo Testamento, desenvolveu-se um longo e profundo pensamento, acerca da proteção que os anjos, palavra anjos – significa Mensageiros – Que aqueles servos de Deus, ou o modo como Deus atua ou escolheu para atuar na história. Mandar os seus enviados. E os enviados de Deus viria então para socorrer, aqueles que na dúvida, tenta exigir de Deus, uma demonstração de lealdade. Na dúvida, na incerteza.
Como se para crer, o próprio Deus devesse ser submetido aos nossos critérios. Provoque o próprio Deus, essa foi a tentação, ter certeza de que Deus vai fazer exatamente aquilo que eu desejo. Isso não é crer. A Tentação foi de não crer, de não se abandonar a resposta providente de um Deus amoroso.
E aí a resposta: “Estar escrito, não tentarás o Senhor teu Deus”! (Cf. Mt 4, 7). Novamente não é uma espécie de enunciado imperativo, ou imperioso do Antigo Testamento; É a formulação de um compromisso, que todo o aliado de Deus, aliança, Deus – aliado do seu povo, um povo aliado de seu Deus, daí a palavra aliança, que a maneira da relação mais plena com o Senhor Deus, é a da Confiança, de quem Crer, não a da certeza de quem tem Deus sobre os domínios do poder humano.
Toda forma de amor que duvida, é um modo claudicante de relacionar-se, trará sempre tropeços, angústia e sofrimento, e Deus não é um mágico que acionado, se desdobra suas prodigalidades para atender alguns escolhidos, e punir outros excluídos e ou rejeitados.
A terceira tentação: a do PRAZER: “Novamente, o diabo levou Jesus para um monte muito alto”. (Cf. Mt 4, 8). Notemos, não é que o diabo pega Jesus aqui, e leva para um lado e para outro. Essas tentações procedem da interioridade humana, nossa, de nós, e o Senhor Jesus, tendo se humanado, também integrou na sua existência as fragilidades dos humanos. E o Evangelista aqui, pretende relatar, apresentar, aos homens e mulheres que creem em Jesus hoje; Quais os caminhos para suplantar hoje, no nosso tempo, tudo aquilo que pode lançar-nos em dúvidas, pois que a relação com Deus não é feita de certezas matemáticas, mas de reciprocidade, originadas das experiências de Fé. Ele é um Pai amoroso e onipotente, somos filhos frágeis, mas filhos de um bom Deus Pai amoroso.
“E mostrou-lhes todos os reinos do mundo e sua glória, e lhes disse: eu te darei tudo isso, se te ajoelhares diante de mim”. (Cf. Mt 4, 9). Agora aqui é o Poder político – não fala de política, democracia ou partido, mas fala de de ter poder, para dominar pessoas e povos, especialmente o domínio sobre as pessoas. “Retira-te Satanás, afasta-te, porque estar escrito: Adorarás ao Senhor teu Deus, e somente a Ele prestarás culto”. (Cf. Mt 4, 10).
Porque o Senhor Jesus o Filho de Deus, nunca escolheria dominar pessoas, tiranizar aqueles que Deus ama.
Nesta quaresma intensifiquemos nossas orações, pela prática do Jejum. Faça um jejum do celular,
faça um jejum das mídias sociais, faça um jejum da televisão, faça um jejum de falar mal da vida dos outros, faça um jejum, faça um jejum, ninguém pode dizer que não há nada o que fazer, alguma coisinha tem, e é bom fazer jejum de comida, de bebidas, de doces, porque o povo anda muito gordo. É um fato. Faça uma obra de caridade, reze mais. Encomende-se a Deus.
Pe. Vandilson Pereira Sobrinho.