Nas celebrações do Dia de Finados e de Todos os Santos, a Igreja reflete sobre a união sobrenatural de seus membros em Cristo e é oportuna a reflexão sobre a comunhão dos santos. Com esse termo, o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta, explica que a Igreja fala da existência “de uma íntima união sobrenatural entre todos os que são membros do Povo de Deus”.
Nessa comunhão estão todos os crentes que foram incorporados pelo batismo na Igreja. “Todos os que são de Cristo, estão unidos a Cristo. A vida de cada um é ligada de forma única e essencial em Cristo e por Cristo, o que não exclui a vida sobrenatural na Igreja”.
Também a Igreja pode ser compreendida nessa expressão, quando une os fiéis que peregrinam para a eternidade e os que já estão no céu. Ela é “um povo unido pela unidade do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
Na Igreja, ninguém caminha sozinho e tudo o que fazemos pode contribuir para o bem dos outros! Porque “…de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo, mas antes, segundo a constante fé da Igreja, é reforçada pela comunicação dos bens espirituais” (Lumen Gentium, 49).
Três dimensões
A Comunhão dos Santos é, assim, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas: a fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons espirituais (Cf. CIC 960). Ou seja, é a união de toda a Igreja em suas 3 dimensões: Peregrina, Padecente e Celeste.
A Igreja Peregrina
Somos todos nós que peregrinamos rumo ao céu, estamos neste mundo, fomos batizados e participamos da Eucaristia. Anunciamos o Cristo por meio da fé, da caridade, e militamos contra o pecado e a ação do mal.
A Igreja Padecente
São aqueles que morrem na graça de Deus, mas não estão todos purificados. Por isso, sofrem a purificação no purgatório para obterem a santidade necessária para entrar na alegria do céu (Cf. CIC 1030).
A Igreja Celeste
São os santos! Bem-aventurados que combateram o bom combate e vivem “o estado de felicidade suprema e definitiva” (Cf. CIC 1024) junto de Deus, da Virgem Maria, São José e os Anjos.
Na Igreja, ninguém caminha sozinho
Dessa forma, o menor dos nossos atos de caridade beneficia a todos, numa solidariedade com todos os homens, vivos ou defuntos (Cf. 953).
E é por este motivo que os anjos e santos intercedem por nós e nós também podemos rezar uns pelos outros, oferecendo sacrifícios e penitências pela salvação e conversão de nossos irmãos.
Porque “todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito, estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros” (Lumen Gentium, 49).
Por outro lado todo pecado, fruto do egoísmo, prejudica esta comunhão.
União de toda a Igreja
Sobre a veneração aos bem-aventurados, a Lumen Gentium ensina que essa prática aumenta a união de toda a Igreja com o exercício da caridade fraterna. “Assim como a comunhão cristã entre os peregrinos nos aproxima mais de Cristo, a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e cabeça, toda a graça e própria vida do Povo de Deus”.
O documento conciliar também salienta que a união com a Igreja celeste se realiza de forma mais sublime durante a Liturgia. Nela, a virtude do Espírito Santo atua sobre nós através dos sinais sacramentais e reunidos numa única Igreja, engrandecemos com um único canto de louvor o Deus uno e trino.
“Assim, ao celebrar o sacrifício eucarístico, unimo-nos no mais alto grau ao culto da Igreja celeste, comungando e venerando a memória, primeiramente da gloriosa sempre Virgem Maria, de S. José, dos santos Apóstolos e mártires e de todos os santos”.
Por Luiz Lopes Jr e Paulo Augusto Cruz