Evangelho: Joao 4, 5-42. Samaria – era uma região cujos habitantes eram uma mescla de Judeus e de Pagãos. E os Judeus que moravam em Jerusalém, por considerar-se “Povo de Deus”, os judeus consideravam os Samaritanos como os contaminados. Mas Jesus passou por aquela região, poderia até ter evitado, havia até outros caminhos, mas, passou por lá. Justamente para mostrar que Deus não faz mais aquelas acepções culturais de pessoas. “Era aí que ficava o poço de Jacó” (Cf. Joao 4, 6). Havia uma fonte, Jesus sentou-se junto a fonte, por volta de meio dia = havia poucas fontes, era um poço, onde havia água havia habitantes, aldeias, e uma mulher da Samaria foi buscar água.
O pedido – “Jesus lhe disse: dá-me de beber”. (Cf. Joao 4, 7). Na nossa mentalidade dá-me de beber, é para saciar a sede, na cultura da época; um homem pedir água a uma mulher, era uma espécie de cantada, ou seja, dá-me de beber – havia uma espécie de interpelação, há lugar para mim em sua vida? Nesses ambientes eram comuns algumas aventuras sexuais, alguém quer pular a cerca, ir a um poço esperar tal pessoa. E o histórico da mulher, ela, a mulher tivera cinco maridos, poderia até se pensar que, poderia ser uma mulher leviana. do ponto de vista ético e moral. Mas Jesus se apresentou a ela, com sede, foi pedir água, ela desapontada. “Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou uma mulher samaritana”? (Cf. Joao 4, 9).
Mas aí a resposta de Jesus. “Se tu conhecesses o dom de Deus, e quem é que te pede: Dá-me de beber, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva”. (Cf. Joao 4, 10). Jesus se apresenta como o necessitado, mas o diálogo iniciado, chega à oferta do Dom, água viva.
Água viva não é apenas água que sacia a sede, a água que sacia a sede ela sacia com efeitos momentâneos, depois a pessoa vai sentir sede novamente, a água que Jesus estar a dizer é: Água que sacia é água que faz viver. água vivente que suscita a vida, para a vida eterna, aliás diz jorrando, mas na origem do texto; é borbulhando, tamanha é a generosidade da fonte que transborda água com gratuidade. Ou seja, onde faltar água prevalece a morte, onde houver água, a vida se expande e então, a samaritana pede: “Senhor dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui para tirá-la”. (Cf. Joao 4, 15).
Ela tinha um balde, a água aquela fonte de Jacó, era símbolo da lei, a mulher queria viver sua relação com Deus baseada na lei. Numa religiosidade regrada segundo normas humanas, e não segundo relações nobres de comunhão com Deus, a água viva, jorrando ou transbordando para a vida eterna é o significado: Fazer transbordar a vida de Deus, a vida do Eterno, aquela que carente tentava saciar sua interioridade com uma água originada apenas pela observância da lei.
O diálogo transforma a mulher em missionaria: “Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz”. (Cf. Joao 4, 29). Deus tem visto suas lutas, seus anseios, suas angústias, seus medos, seus sofrimentos, o que você tem feito, o que você tem buscado, hoje os baldes de nossas vidas, que usamos para saciar nossas sedes, de amor, de atenção, de carinho de afeto, de equilíbrio, de serenidade de paz, de amor, de justiça.
Não foi então apenas um encontro casual de Jesus com a mulher Samaritana, mas uma nova aliança que se ascendeu até para um povo rejeitado, exatamente o que pretende o evangelista: que o leitor compreenda que: Cada homem e cada mulher por mais transviada que esteja na própria história, o Senhor se põe no caminho e pergunta: se há lugar para Ele, na vida dele, dela, daquele que o Senhor se apresentar.
Pe. Vandilson Pereira Sobrinho.